
''Que a vida continue me causando espanto, medo, surpresa e prazer. Que meu coração continue pulsando descontrolado dentro de mim, porque nunca foi minha pretensão sentir calada. Que o injusto continue me indignando, e que a indignação continue me movendo em busca daquilo que acredito ser certo. Que o meu olhar se mantenha aceso. Que eu continue tendo efêmeras vontades de desistir, porque sou humano, mas que a fé me mova sempre até o fim. Que o caminho árduo nunca me faça ser tentada pelos falsos atalhos. Que o pó não se acumule nem na estante, nem no corpo e nem na alma. Que, de um jeito ou de outro, a gente consiga viajar: no mapa, nos livros, nos sonhos ou no amor, que é o maior de todos os sonhos. Que acaso e destino jamais se confundam, e que a gente continue com o dom bonito de acreditar que nossa história está escrita em algum canto do céu, nas estrelas. Que sonhar não se torne, em hipótese alguma, tolice. E o melhor: que nenhum sonho jamais seja proibido. Que os planos saiam do papel e nos surpreendam por serem ainda mais bonitos do que pareciam ser quando ocupavam espaço apenas dentro de nós. Que a falta de tempo nunca nos impeça de embrulhar os presentes com papel celofane ou fita de cetim, e muito menos de escrever um cartão. Que os papeis de carta saiam da gaveta e ganhem letras, redondas ou tortas, que façam sentido quando combinadas com o coração.'' Caio F Abreu.